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Shastras

Trinta Estâncias sobre a Pura Consciência 

 

1. “Sendo o atman e os dharmas existências puramente nominais existem diversas modalidades de transformação (da consciência) e tudo isso se produz em função dessas transformações. No que se refere à atividade dessas transformações existem apenas três.” 

2. “Elas se intitulam a consciência da retribuição cármica, a consciência calculadora e a consciência que identifica seus objetos. A primeira que é a “oitava consciência” se constitui na totalidade das sementes da retribuição cármica.” 

3. “Sendo um apego incognoscível suas distinções estão sempre associadas ao contato, à atenção, à sensação, à distinção e à volição sendo equânime em relação a elas.” 

4. “Sendo neutra e não conducente à perturbação, são assim também o contato e os demais dharmas. Ela se transforma como uma correnteza violenta e só é abandonada na condição de Arahat.” 

5. “Temos em seguida a segunda transformação, a da consciência denominada Manas. Ela se transforma apoiada naquela outra consciência ( “oitava consciência” ) e a toma por seu objeto. Sua característica e sua natureza é o pensamento calculador.” 

6. Ela é sempre acompanhada das quatro paixões que são a ignorância do atman, a visão do atman, o orgulho do atman e o amor ao atman. Ela é também acompanhada pelo contato e pelas demais funções.” 

7. “Ela é classificada como neutra e conducente à perturbação prendendo-se ao objeto de seu apego. Ela não existe na condição de Arahat, no samadhi da extinção e no caminho supramundano.” 8- “Vem em seguida a terceira transformação. Ela possui seis modalidades distintas e tem por sua natureza e sua característica a identificação de seu objeto. Em sua totalidade não é benéfica nem maléfica.” 

9. “As funções da mente são classificadas como gerais, específicas, benéficas, paixões, paixões dependentes e indeterminadas. Todas elas existem em correlação com as três sensações. (agradáveis, desagradáveis e neutras ).”

10. “As primeiras são as gerais como o contato. Em seguida temos as específicas como o desejo, a compreensão, a memória, a concentração e a sabedoria que possuem objetos diferentes.”

11. “São benéficas a fé, o arrependimento, a vergonha, a ausência de cobiça, a ausência de ódio, a ausência de ignorância, o esforço, a serenidade, a diligencia, a equanimidade e a inofensibilidade.” 

12. “As paixões são a cobiça, o ódio, a ignorância, o orgulho, a dúvida e a visão perversa. As paixões dependentes são a raiva, o ressentimento, o ocultamento, o tormento, a inveja, a avareza ...” 

13. “... a dissimulação, a bajulação, a ofensibilidade,a arrogância, a falta de arrependimento, a falta de vergonha, a excitação, o entorpecimento, a falta de fé, a negligencia ...” 

14. “... a complacência, a falta de memória, a dispersão e o falso discernimento. As indeterminadas são a lamentação, a sonolência, a interrogação e a investigação. Nessas duas últimas existem duas modalidades.” 

15. Tendo por base a consciência fundamental as cinco consciências surgem dependentes das condições. Elas se completam em alguns casos e em outros não, sendo como ondas que surgem a partir do oceano.” 

16. A consciência (sexta consciência) surge continuamente com exceção dos instantes associados ao nascimento no mundo da não-concepção e às duas modalidades de concentração, no sono e naqueles estados de distanciamento.”

17. “Essas diversas transformações consistem na discriminação que tem a própria discriminação por seu objeto. Como essa discriminação é vazia tudo se constitui na pura consciência.” 

18. “Em função da consciência que deposita as sementes em seu interior existem essas transformações. Em função do poder dessas transformações surgem as diversas formas da discriminação.” 

19. “Em virtude da energia dos condicionamentos cármicos surgem os condicionamentos das duas modalidades do apego. Ao se extinguir a retribuição anterior surge ainda a retribuição seguinte.” 

20. “Em função das diversas discriminações são discernidos e calculados os diversos objetos. A essência dessa natureza falsamente concebida não possui propriedades.” 

21. “A natureza dependentemente originada é o objeto dessas discriminações. Em função dela a natureza perfeitamente realizada se separa permanentemente da natureza anterior.” 

22. “Assim sendo essa natureza dependente não é distinta nem não distinta (da “natureza perfeitamente realizada”). Da mesma forma como a natureza de dharmas como a impermanência ela não pode deixar de ser vista.” 

23. “Em função dessas três naturezas podemos afirmar a existência daquelas três não-naturezas. Assim podemos dizer que segundo a intenção suprema de Buda todos os dharmas não possuem uma natureza inerente.” 

24. “Existe em primeiro lugar a não-natureza das características, em seguida a não-natureza da substancia e temos por fim aquela que se estabelece em função da separação em relação aos apegos ao atman e aos dharmas anteriormente referidos.” 

25. “Esse sentido supremo dos dharmas é ainda chamado de “Tathata”. Sendo permanentemente de acordo com sua natureza se constitui na verdadeira natureza da pura consciência.” 

26. “Nessa condição a consciência busca estabelecer-se na natureza da pura consciência sem ter ainda para ela despertado e sem ter ainda realizado a eliminação das paixões derivadas das duas modalidades do apego.”

27. “Ao ver os objetos diante de si imagina ter divisado a natureza da pura consciência. Como existe a discriminação ele ainda não se estabeleceu verdadeiramente na natureza da pura consciência.” 

28. “Se nesse instante a sabedoria não discriminar os objetos ela se estabelece na pura consciência em função de ter-se separado das características das duas modalidades do apego.”

29. “É inconcebível tendo passado para além da sabedoria discriminativa. Ela se constitui na sabedoria supramundana. Abandonando o peso das duas modalidades do apego realiza a transmutação da consciência. “ 

30. “Se constitui no mundo incontaminado, no bem e na permanência inconcebíveis. É o sereno e tranqüilo corpo da emancipação intitulado de dharma pelo grande Sábio.

Autor: Vasubhandu 

Tradutor: Joaquim Monteiro 

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